800 kms

Por motivos de trabalho ontem tive de ir ao Algarve e o Jaime para o Norte, nada demais, não fossem as trocas de mensagens que aconteceram e as nossas maluqueiras.
Pois é, andei a passear um pouco pelo Sul, como muitos diriam, mas para mim não passa de mais uma viagem, kms e trabalho. Não me importo, gosto muito do que faço e por isso levo estas viagens com muita tranquilidade, embora normalmente chegue ao fim do dia, pronta para me deitar na cama de um qualquer quarto de hotel e não ouvir nada mais.
Ontem foi mais um desses dias, eram umas 6 horas quando cheguei ao hotel, tomei um banho e fui ver os mails, não sem antes ter pensado no que nos separava, quase 800 kms, trabalho e compromissos que não podem falhar.
Quando estava com os meus pensamentos nos 800 kms, tocou o telefone.
Falamos rimos e concluímos que afinal eram só 650, mas isso também não interessa. O que realmente nos interessava é que a distância era demasiada para que a pudéssemos encurtar e foder.
Apetecia-me, mesmo muito, mas não dava.
Mas mais uma vez, uma pequena surpresa, se tudo corresse bem no dia seguinte poderíamos encontrarmo-nos em Lisboa.
Eu regressava durante o dia e se tudo lhe corresse bem, também ele vinha para Lisboa.
Fiquei a fazer figas, acabámos por desligar o telefone e adormeci a pensar no dia seguinte.
Acordei algum tempo depois, já não saí para jantar, estava cansada, queria que tudo nos corresse bem para podermos estar juntos de novo.
Acabei por escrever mais umas linhas destas minhas histórias e adormeci, vencida pelo cansaço.
No dia seguinte de manhã, depois de tomar o pequeno-almoço, quando cheguei ao quarto do hotel, tinha uma mensagem.
7:59 Só para dizer Bom Dia. Um BEIJO
8:13 Bjhs para ti também, só me apetece chorar, tenho a cara toda rebentada por ter estado com febre
8:21 Logo já estás bem, são erupções da epiderme que aparecem no rosto e mucosa labial
E se o meu médico o diz, como posso eu duvidar! Na verdade eu sei que ele tem razão, mas isto de fazer diagnóstico por sms não é para todos!
Ainda antes de entrar no primeiro cliente, ligou-me. Não tenham ideias parvas, são mesmo clientes de empresas com que trabalho e com quem apenas mantenho uma relação estritamente profissional. Se bem que por vezes fico a questionar-me se alguns não seriam uma boa aquisição para o nosso meio.
Tranquilizou-me que não me preocupasse, que isso não fazia diferença, que não ia impedir nada, adora beijar uns lábios grossos!
E assim começamos o nosso dia de trabalho, cada um na sua ponta de Portugal.
Corri tanto quanto pude, sem descurar o trabalho e a qualidade que exijo a todos e ainda mais a mim mesma, para que nada corresse mal e pudesse regressar a Lisboa.
Despachei-me cedo, era hora do almoço e acabei por ir comer uma sandes, não me apetecia almoçar. Resolvi meter-me com o  Jaime, sempre queria saber se vinha para Lisboa como tinha dito que ia tentar.
14:26 Em Aljustrel a comer uma sandocha de queijo alentejano, é servido?
15:23 Sou servido de queijo e de … !
15:54 O queijo vai ser difícil, além de que não era grande coisa, o resto… Claro!!!
16:03 Já estou excitado!
16:09 Desde que não te antecipes, já estou em Palmela
16:25 Ainda estou no Norte, mas vou hoje para Lisboa.
Isto de trocar sms enquanto se trabalha, opera,conduz e trabalha, não é fácil, mas é interessante.
Fiquei toda contente, afinal ainda nos íamos ver. Tinha de chegar a casa, brincar com o meu cão um bocadito e arrumar a casa. Sim, pois é, infelizmente ela não se arruma sozinha e com as saídas e noitadas do fim de semana, mais a constipação, tinha-a deixado num estado nada aconselhável para receber alguém e muito menos o Jaime.
Despachei-me finalmente. Estava na hora de cuidar um pouco de mim. Para começar um belo duche, depois, creme no corpo e perfume.
E o que ia vestir? Pois, aquilo que estava a pensar não podia ser. Se algum dos meus vizinhos me visse com uma minisaia de prostituta, ir à porta receber um homem, ou aliás, outro homem, iam de certeza pensar que era uma puta, na melhor das hipóteses! Qualquer dia tenho fila à porta, com notas na mão. 
Acabei por me vestir como gente normal, também pode ser muito interessante, embora menos sensual.
Ainda não eram 11 horas quando o telefone tocou. Expliquei onde era a minha casa, ansiosa pela sua chegada.
Acho que estávamos os dois à espera de nos reencontrar com a libido bem nos píncaros e uma enorme vontade de foder. Pelo menos por mim posso falar.
O meu cão tinha de fazer as honras da casa, ladrar, saltar, pular como sempre.
Só que isso não é compatível com um fato Charles Pierre, ou Guess, ou ...
Acabei por conseguir controlar o meu cão e abrir o portão.
Até o cão gostou do Jaime, ficou aprovado no primeiro segundo.
Não é importante dirão alguns, mas se o meu cão gosta é porque vale a pena. Os animais não se enganam.
Sentámo-nos no sofá e uns primeiros beijos, com cuidado, não podia amarrotar o fato, ficava com mau aspecto e eu adoro um homem bem vestido.
Ao Jaime tudo lhe fica bem de certeza. Perto de 1,70 metros, 70 e poucos quilos, um corpo maravilhoso, bem como eu gosto, sem ser demasiado magro e sem qualquer gordurinha visível. Se bem que tenha comentado que tem de perder uns gloriosos 2 quilos, sim, dois mesmo, nem mais, nem menos.
Aproveitámos para conversar um pouco e aproveitou para gozar comigo, a minha cara estava uma lástima, nem sequer posso pintar-me, ou pelo menos não o devo fazer. 
Já perdi todos os preconceitos e quem gosta de mim, gosta pelo que eu sou e não apenas pela aparência externa. Claro que isso tem bastante importância, mas só é no primeiro impacto.
Não sou Barbie, não gosto de Barbies. Geralmente são fúteis, sem interesse, sem tema para conversa e caçadoras de homens.
O cão foi fazendo umas incursões no meio dos dois, queria ter a certeza que tudo estava bem, até que sossegou e ficou a dormir o resto da noite.
Acabei por me sentar ao colo do meu companheiro, lá fui estragar o aprumo do fato e criar uns quantos vincos. Nada que um ferro não resolva facilmente. 
Tirou a gravata, estava demasiado vestido e formal. Mas lindo, como eu gosto.
Começámos a acariciar-nos, e eu fiquei com os meus calores habituais. Nada que não se começasse a resolver... uma camisola a menos.
Como não poderia ficar com calor se ele me acariciava as mamas, massajava as costas, com as suas mãos suaves e sensuais? Não consigo resistir a tanta sensualidade e ao olhar meigo e carinhoso.
Medimos as nossas mãos, eu tenho dedos compridos para mulher e ele tem mãos pequenas, um pequeno desgosto, mas que não faz nenhuma diferença. As minhas mamas foram feitas à medida para a mão do  Jaime.
Continuamos a provocar-nos, já o tínhamos feito durante todo o dia, agora era ao vivo e a cores, com todo o desejo e vontade.
Desapertei-lhe a camisa, estava a mais, acariciei-lhe o caralho, mas as calças não davam jeito.
Fiquei ainda com mais calor e ... menos uma peça de roupa. Por enquanto ainda estávamos nas camisolas, estamos em Fevereiro, numa noite de Inverno.
Acabámos por ir para o quarto, afinal já não temos 20 anos e uma cama é bem mais confortável. Tínhamos todo o tempo, não estávamos com pressa.
Não sei quanto tempo estivemos a foder, mas tudo correu bem, pelo menos eu assim acho.
Umas vezes eu por cima, outras vezes ele, de lado, à cão, torcida, sentada, não faço ideia da quantidade de posições que experimentámos.
A minha cama ficou um lago. Quando estou muito excitada e me venho, não deixo para contar a ninguém, ficam todos a saber. Neste caso era só o Jaime, mas não foi dissimulado. Gosto muito de me vir, em especial quando consigo chegar ao climax ao mesmo tempo que o meu companheiro.
Foi o que aconteceu.
Já lá vai o tempo em que eu fingia ter um orgasmo. Agora, ou tenho, ou se não tenho alguma coisa está a correr menos bem.
Deitámos-nos lado a lado, estávamos cansados.
E durante algum tempo conversámos sobre as nossas vidas.
Sem stress, sem perguntas, cada um fala do que quer e quando quer, sem questionar nem duvidar.
Mas tínhamos de trabalhar no dia seguinte, ele começava às 7 da manhã uma reunião e eu tinha de ir para Lisboa de manhã.
Vestimo-nos e despedimo-nos. Um até amanhã com sabor de até já.

A primeira saída com o Jaime, por decisão comum…

Depois de algumas trocas de telefonemas acabámos por combinar ir à sauna na 4ª feira.
O Jaime tinha de trabalhar e eu também.
Acabei por decidir ir para Lisboa mais cedo, para visitar a minha mãe. Sim que isto de vida de swinger não quer dizer que não tenhamos uma vida “normal” de gente anormal. A minha mãe está bastante velhota e vou visitá-la quando posso. Não vou tanto como devia, mas vou sempre que a minha vida mo permite.
Como alterei os planos, começamos uma longa troca de mensagens que se prolongou pelos dias seguintes...
22-2-2012 14:42
Vou agora para Lisboa tenho algumas coisas para tratar
Acabámos por nos desencontrar, o meu telefone tem crises de actividade e sempre nas alturas mais inconvenientes. Fui ver a minha mãe e a senhora que me criou, a quem eu carinhosamente chamo de mãe adoptiva e por quem tenho um carinho muito especial.
O telefone começou a tocar em casa dela e só se calou já quando estava num café a comer qualquer coisa antes de ir para a sauna, pois não deveria comer mais nada durante o resto do dia.
Assim que me sentei, vi o outro telemóvel, e raios partam, não tinha ouvido tocar, estava perdida no meio da segunda circular, na confusão do transito com o telefone de trabalho que não parava.
Liguei-lhe.
Tinha decidido ir comer qualquer coisa ao Saldanha e eu estava em Entrecampos.
Acabou por fazer uma surpresa e foi ter comigo. Foi aqui que conversámos um pouco sobre nós, ainda não tínhamos tido oportunidade. O ambiente da noite com muita gente à volta não se proporciona a conversas privadas, as paredes têm ouvidos e toda a discrição é factor de sucesso. Existem demasiados ouvidos prontos a encontrar um ponto fraco e a divulgar pormenores da vida privada dos outros.
Conversámos um pouco sobre o que fazemos, como somos, mas da minha parte com algum receio pois sei que ele é casado, tem filhos, e não quero de forma nenhuma interferir na sua vida pessoal.
Quem leia estas linhas que não entenda o nosso espírito completamente liberal, vai pensar que isso é impossível, mas na verdade não o é.
Mantenho uma amizade com o Miguel desde à mais dois anos, sem que isso interfira na vida familiar dele, nem na minha.
Como uma vez o Miguel disse, temos a capacidade de amar simultaneamente várias pessoas, por motivos diferentes e se não colocarmos tabus na nossa vida conseguimos ser bem mais felizes sem magoar ninguém.
Se cada um de nós pensar um pouco verá que não é por ter dois filhos que se gosta mais de um que do outro, ou mais do pai do que da mãe ou de um amigo que outro. Cada um tem o seu espaço próprio que devemos respeitar e cuidar. Essa é a essência do meu espírito liberal, gostar e amar cada um no seu próprio espaço, reservando-lhe um bocadinho do coração. Claro que alguns têm direito a espaços maiores e mais importantes, consoante a importância e influência que têm ou tiveram na nossa vida.
A capacidade humana de amar é imensa e devemos aproveitá-la ao máximo para assim podermos tirar o melhor partido da vida e sermos felizes.

O argentino telefonou-me ao fim de dois anos…

Mistério, alguma coisa de passava!
Como ficou um amigo no meu coração, acabámos por combinar ir a um clube onde já não ia à bastante tempo. O HCW tem um grande defeito, que não consegue superar a amizade que tenho pelos donos, parece o baile dos bombeiros.
Cada vez que um casal começa a aquecer, começam os singles, como na santa terrinha da minha avozinha, a desapertar a breguilha, babarem-se e baterem punhetas. Como se isso não bastasse ainda tentam entrar no meio da acção, como se não fossem sistematicamente rechaçados.
Torna-se desagradável e incomodativo. Muitos dos meus conhecidos deixaram de frequentar este clube por esse motivo, eu e o Miguel fomos uns deles.
Mas voltando ao motivo que me faz escrever estas linhas, o argentino queria foder com alguém e convenceu-me a ir lá com ele. Sim, porque entre ir dançar umas horas ou dar uma boa duma foda, não há margem para dúvidas!
Já que não havia melhor proposta, encontramo-nos na Fortaleza do Guincho para pôr a escrita em dia, e depois…. HCW.
A Luísa e o Filipe, como de costume estavam lá, bem como muitos outros conhecidos, que já não via à bastante tempo.
Fizeram questão de me apresentar o Ferro.
Pensei eu com os meus botões:
“Mais um single que vai bater uma punheta para me chatear, ainda por cima o Miguel não está comigo para correr com ele.”
Conversei um pouco com um, outro com outro, dancei com o barman, provoquei uns quantos que não se lembravam de mim, e diverti-me.
A certa altura, um grupo de casais com bom aspecto subiu a escada, fui chamar o argentino e subimos também.
Aquece daqui, esfrega dali, acaricia acolá, acabamos por ir uns quatro casais para um dos quartos.
Como sempre a porcaria dos singles do baile a chatear e a serem inconvenientes.
Um dos homens dos casais discutiu com um, pô-lo na linha. Não me tinha apercebido do que tinha acontecido e conhecia mal o casal, mas para single bem que podia ir vender chuchas, levantar é miragem fica de picha caída e nem com um dos meus broches soft que levantam até um morto se pôs de pé.
Descemos…
O Ferro continuava sentado no mesmo sofá, calmo e sossegado. Acabei por lá ir parar também.
Foi assim que conheci alguém que me leva a perder a seriedade e sentir-me eu mesma.
Obrigada Ferro por me voltares a dar a mesma vontade de rir, brincar e provocar que há algum tempo não sentia.